Rede CoMBaru
Esta iniciativa contempla a construção de uma rede de pesquisa voltada para o melhoramento, conservação e uso sustentável do baru (Dipteryx alata Vogel), pensando numa cadeia produtiva a partir do extrativismo e cultivo no estado de Goiás
OBJETIVOS
HISTÓRIA
A Rede CoMBaru nasce da parceria entre pesquisadores e instituições públicas preocupados em promover a cadeia produtiva de baru (Dipteryx alata), utilizando conhecimento científico e tradicional para implementar ideótipos que atendam a necessidade dos extrativistas e agricultores locais. Esta parceria tem sido oficializada pela criação de um grupo de pesquisa no CNPq (Colocar as informações dele aqui), bem como, com a aprovação de outros projetos que vem subsidiando pesquisa básica e aplicada com esta espécie. Inclusive, os primeiros projetos de pesquisa dedicados ao baru foram iniciados no fim da década de 1990, na Universidade Federal de Goiás (UFG), liderados pelos pesquisadores Dr. Lázaro José Chaves e Dr. Ronaldo Veloso Naves, que permitiram o desenvolvimento de uma série de pesquisas em melhoramento e caracterização genética de populações naturais da espécie distribuídas ao longo do bioma Cerrado. Inicialmente, estes estudos estiveram focados na caracterização agronômica e genética de populações de baru localizadas apenas no estado de Goiás, e depois ampliando para uma área maior de ocorrência da espécie. Isto foi alcançado, pois os pesquisadores Dr. Lázaro José Chaves e Dr. Ronaldo Veloso Naves demandaram esforços para pesquisas acadêmicas voltadas para a formação de recursos humanos e delineamento experimental para avaliar a variabilidade morfológica e genética das populações avaliadas em diferentes expedições de coleta pelo Cerrado.
Dentre os avanços conquistados, destacamos a criação de duas coleções de germoplasma in vivo de baruzeiro na UFG instaladas na área experimental da Escola de Agronomia, em Goiânia, GO. A primeira coleta foi realizada em agosto de 1995, com uma amostragem de 150 matrizes provenientes de três expedições pelo estado de Goiás. As sementes coletadas foram plantadas em janeiro de 1998, formando 186 acessos individuais, representando as 150 matrizes, sem delineamento experimental. Embora contenha acessos apenas do Estado de Goiás, a coleção guarda uma importante variabilidade genética atestada por estudo com marcadores moleculares.
No segundo momento, ocorreu a implantação da segunda e principal coleção de baruzeiro da UFG, formada a partir de coletas realizadas entre agosto e setembro de 2011 e que tem sido a base para atividades de pesquisas e melhoramento genético. A obtenção de matrizes para a amostragem foi realizada no esquema de procedências e progênies, em 25 subpopulações nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais e São Paulo, representando grande parte da área de ocorrência da espécie no bioma Cerrado. No ano seguinte, em 2012, foi realizada a instalação a campo das sementes coletadas, utilizando um delineamento experimental de blocos completos casualizados, com 150 progênies, sendo seis progênies de cada uma das 25 subpopulações e com quatro repetições, totalizando 600 acessos individuais. Desde a sua instalação os acessos vêm sendo avaliados quanto aos aspectos de desenvolvimento, morfológicos, agronômicos e moleculares.
Em conjunto com a construção da coleção de germoplasma, vários outros projetos foram sendo desenvolvidos, o que possibilitou realizar a caracterização agronômica, silvicultural e molecular da espécie, além de associar com informações
ambientais e climáticas. Na perspectiva de melhoramento genético, trabalhos iniciais que avaliaram a variação fenotípica da coleção de germoplasma e de subpopulações naturais identificaram que D. alata possui variabilidade fenotípica para sustentar programas de coleta de germoplasma e formação de populações-base para programas de melhoramento genético, recomendando-se a coleta em múltiplas procedências para assegurar uma adequada representatividade da variabilidade fenotípica. Caracteres como porte arbóreo, características caulinares e produção de frutos são variáveis fenotípicas que tem potencial para futuros programas de melhoramento.
Além da caracterização fenotípica, ao longo dos últimos 15 anos, estudos moleculares demonstraram aspectos evolutivos importantes para a manutenção da diversidade genética da espécie. Isso porque a maioria dos trabalhos realizados detectaram que a maior parte da variação genética populacional de baru encontra-se entre populações, indicando a necessidade de planos e estratégias para conservação in situ e ex situ. Além disso, o uso de marcadores moleculares não apenas descreveram a variabilidade genética populacional, mas também trouxe informações sobre o sistema reprodutivo de baru, demonstrando que esta espécie é predominante alógama, informação primordial em sistemas de plantio.
Outros estudos genéticos têm mostrado que a coleção de germoplasma in vivo de baru, formada em 2011 com acessos de várias localidades do Cerrado, tem uma boa representatividade genética quando comparada com a caracterização genética de subpopulações naturais. Os dados genéticos acoplados com modelos climáticos têm chamado a atenção para a perda de diversidade genética de D. alata, sendo útil para detecção de áreas prioritárias para conservação. Em 2020, com a evolução de análises genéticas e genômicas, foi possível obter informações iniciais sobre o genoma nuclear e cloroplastidial de baru. Numa perspetiva a médio e longo prazo, dados descritivos sobre o genoma da espécie é o prelúdio para prever ações aplicadas no contexto de melhoramento genético, planos de manejo de cultivo para uso sustentável e autenticação de produtos. Inclusive, esta última aplicação abarca projetos necessários para a fiscalização de recursos de origem vegetal do baru e que podem ser comercializados.
Instituições de fomento como o CNPq, FAPEG e Fundação Grupo Boticário têm apoiado diversos projetos com a espécie, permitindo o acúmulo de conhecimento acerca desta espécie que tem um recurso genético significativo para o Cerrado e a economia do Brasil. Além destas instituições, parcerias com a Embrapa Cerrado e outras universidades públicas têm sido firmadas para acelerar o conhecimento do baru na região centro-oeste. Atualmente, este grupo tem vários projetos em andamento que integram desde a variação quantitativa, genética e genômica de baru até a caracterização da cadeia produtiva, envolvendo os atores e comunidades tradicionais com conhecimento etnobotânico para o uso sustentável dos recursos genéticos do baru. Logo, a Rede CoMBaru vem escrevendo a sua história mediante o desenvolvimento de pesquisa e a valorização dos conhecimentos tradicionais e desejos de ampliar a cadeia produtiva do baru, que deve ser pensada e construída com responsabilidade.
PÁGINAS
Equipe
|
Projetos
|
Coleção de Germoplasma
|
Instituições Parceiras |
Extensão |
Publicações |